EPCV-CELP, UMA ESCOLA NA SENDA DA SUSTENTABILIDADE
Em tempos de alterações climáticas que põem em risco a sustentabilidade do nosso planeta e até a continuidade da espécie humana, com os recentes resultados da Cimeira do Clima em Glasgow muito aquém do desejável, o papel das Escolas, enquanto veículo de transmissão de conhecimento e de práticas que os alunos transportam para a comunidade onde se inserem, com grande ênfase no seio familiar, torna-se cada vez mais importante.
Mais do que ensinar conteúdos na área ambiental, o papel das escolas passa, sem dúvida, pela aplicação de práticas ecológicas que envolvam os alunos e que os incentivem a aplicá-las no seu dia a dia e a transmiti-las a todos os que com eles convivem.
Num País onde a água potável é um bem escasso e a eletricidade tem um custo demasiado elevado, ainda que exista grande potencialidade ao nível das energias renováveis, a EPCV-CELP, consciente do papel que desempenha, desde a sua construção (em setembro de 2016), preocupa-se com o ambiente e pretende ser uma Escola eco sustentável.
Motivar os nossos alunos para protegerem o Planeta, utilizando práticas ecológicas e demonstrando-lhes que a Natureza, aqui no seu próprio País, lhes oferece o necessário para fazer a diferença ao nível energético, tem sido uma das nossas prioridades.
Os nossos alunos são o futuro deste País, são a nova geração, os homens e mulheres que amanhã irão tomar decisões que podem mudar, não só o futuro de Cabo Verde, mas também o do Mundo em que vivemos e, como tal, queremos motivá-los e ensiná-los pelo exemplo, começando aqui, dentro da nossa Escola!
Na construção da Escola, foram utilizados materiais ecológicos que permitiram reduzir em larga escala os resíduos de obra, contribuindo para um ambiente mais “limpo”. A utilização destes materiais possibilitou também a redução do consumo de eletricidade, uma vez que o material utilizado na construção das paredes permite minimizar as trocas energéticas entre o exterior e o interior dos espaços.
Sempre atenta aos problemas climáticos, a Direção da EPCV-CELP decidiu utilizar os recursos naturais de que dispõe e aplicar as verbas provenientes das receitas próprias na construção de uma escola autossuficiente em termos energéticos e de recursos aquíferos. Assim, sabendo-se que este é um País com 10 a 12 horas de Sol diárias, durante praticamente todo o ano, apostamos em painéis fotovoltaicos, logo desde a primeira etapa da construção. Com a primeira fase da obra concluída, produzíamos 1/3 da energia necessária para o funcionamento da Escola. Em abril de 2022 finalizamos o projeto de montagem de mais fotovoltaicas, o que nos permite produzir 60% da energia que, atualmente, consumimos. Pretendemos que, até final de 2023, a Escola possa produzir a quase totalidade da energia de que necessita.

Outra das nossas preocupações é a escassez de água potável em Cabo Verde. Porque nos situamos junto a um vale que se encontra próximo do mar, solicitamos autorização para fazer um furo, com intuito de obter a nossa própria água. Conseguimos esse feito e o nosso furo debita cerca de 8 m3 de água por hora. Mas, para tornar a nossa água potável e podermos fazer uma utilização responsável da mesma, decidimos adquirir uma Estação de Tratamento de Água (ETA) e uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).





A ETA, já a funcionar em pleno, e a ETAR, ainda em fase de implementação, vão permitir que, mesmo com uma piscina semiolímpica em funcionamento, sejamos autossuficientes no que respeita aos consumos de água.
A ETA trata a água que recebemos do furo e transporta-a para a nossa canalização, levando água potável a todas as nossas torneiras.
A ETAR vai receber todas as águas sujas que produzimos, tratá-las e canalizá-las para utilização sanitária e rega dos nossos canteiros, onde pretendemos ter um ecossistema de plantas de Sintra (sementes e pequenas plantas oriundas de Nova Sintra, na Ilha da Brava).
Com todas estes projetos em funcionamento, pretendemos proporcionar visitas de estudo não só aos nossos alunos, mas também convidar alunos de outras escolas de Cabo Verde para virem visitar as nossas instalações, onde poderão passar um dia connosco e onde poderão realizar visitas virtuais na nossa sala de realidade aumentada (também ela ainda em fase de implementação), fazer um torneio desportivo, aprender como funciona a nossa ETA e a nossa ETAR e perceber como a energia solar pode ser transformada e utilizada como energia elétrica, sem poluir o ambiente.
É claro que o facto da Escola se encontrar em construção tornou mais fácil a concretização destes projetos, já que as infraestruturas puderam incluir todas as especificações necessárias à sua implementação. A nossa grande preocupação foi e continua a ser a contribuição para um planeta mais sustentável, diminuindo as emissões de carbono na nossa Escola e demonstrando, com o nosso exemplo, aos nossos alunos e outros jovens de Cabo Verde que, com pequenos gestos, podemos fazer muito para salvar o nosso planeta e a humanidade. Desta forma, provamos que está ao alcance de todos nós fazer a diferença e preservar Cabo Verde!
Porque o Futuro se Faz Aqui e Agora!
Autora: Suzana Maximiano (Diretora da EPCV-CELP)